quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Encerramento do Curso de Educação em Direitos Humanos

O Projeto Oficina de Direitos – Uma Campanha de Acesso à Justiça, apoiado pelo Fundo Canadá, BrazilFoundation e Comitê Alemão, teve seu encerramento depois de 18 meses em execução. O curso foi destinado a aproximadamente 80 mulheres e jovens da periferia do Recife, de Afogados da Ingazeira e de comunidades negras rurais quilombolas dos Sertões do Pajeú e do Moxotó.

Os conteúdos para Educação em Direitos Humanos e Acesso à Justiça foram: Construção Histórica dos Direitos Humanos (movimentos sociais e populares); Características dos DDHH; Marcos Legais e Institucionais; DDHH e Desenvolvimento Humano; DDHH e Políticas Públicas no Brasil; Instrumentos Jurídicos parar garantia de Direitos e Acesso à Justiça; estado democrático de direito; Os três poderes; Defensoria Pública e Ministério Público; princípios de um julgamento justo; as Constituições do Brasil; A Constituição Cidadã de 1988; Violência de gênero e a Lei Maria da Penha; Memória política - Calendário da Cidadania; Políticas Públicas e Controle Social.

No Recife, o encerramento do Projeto ocorreu no aniversário de 21 anos da Constituição Brasileira, 05 de outubro, com a realização de um importante seminário; e no Sertão no dia 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra, com a participação de mais de 300 pessoas.

Durante o Seminário de Socialização da Experiência, foram avaliados de forma profundamente exitosa todo o esforço das pessoas que perseveraram no curso, felizes pelo aprendizado e pelo empoderamento. Receberam junto com o Certificado uma cartilha sobre Direitos Humanos elaborada pelo Grupo Mulher Maravilha.

No enceramento no Sertão, foi lido por uma jovem concluinte do curso um Relatório de Violação dos Direitos Humanos, que ao longo do curso foi sendo produzido.

Dalila expressou seu sentimento de valorização do saber adquirido no decorrer do curso e o quanto este tem mudado sua vida e a realidade da própria comunidade. Sentimento expressado também pela educanda Erisbel Luzia que disse haver sido reconhecida como gente e também da coragem que adquiriu para não mais se calar diante das injustiças. “Esse foi mais um momento de ganho para todas nós”, disse Erisbel.

Há uma percepção da necessidade de continuidade dessa atividade, enquanto estímulo a essas pessoas que lutam por justiça em suas bases. “Nossa vida não será a mesma daqui pra frente, depois da realização desse Projeto”.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

VII Celebração da Consciência Negra no Sertão do Pajeú e Celebração do dia da Não Violência contra a Mulher 2009

O Grupo Mulher Maravilha realizou a VII Celebração do Dia Nacional da Consciência Negra - 20 de novembro em Afogados da Ingazeira – Pernambuco, ao mesmo tempo em que celebrou o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, ambas ações do Projeto Construindo a Cidadania no Semi-árido – Ações Afirmativas para o Desenvolvimento Sustentável executado pelo GMM em parceria com o Projeto Dom Hélder Câmara - PDHC com recursos do MDA e FIDA.

O evento contou com a participação de mais de 300 pessoas, a maioria das comunidades negras rurais quilombolas de: Leitão e Jiquiri de Afogados da Ingazeira; Queimada dos Felipes de Iguaracy; Abelha, Brejo de Dentro, Gameleira e Travessão de Carnaíba; Gia de Quixaba; Queimada de Zé Vicente, de São José do Egito; Águas Claras e Alagoinha de Triunfo; Buenos Ayres, São José e Lamarão, de Custódia.

Estiveram presentes escolas municipais e estaduais, comunidades de agricultura familiar de: Santo Antonio, Poço da Volta, Pintada, Umburana e Carapuça de Afogados da Ingazeira, Itã de Carnaíba, Caruá de Iguaracy, representantes de entidades da Região e do Recife, como o Projeto Ramá/Vale do Senhor, Promotoras Legais Populares do Recife, Olinda, Cabo de Santo Agostinho e Paulista, Fóruns de Mulheres do Pajeú e de São José do Egito, grupos de mulheres, Ministério Público, PDHC e outras pessoas dos bairros da cidade.

Além da homenagem a Zumbi dos Palmares, o grande líder de Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência contra a escravidão, foi também foi homenageado Dom Helder Câmara, conhecido como o Dom da Paz, pelo seu centenário de nascimento.

A concentração foi realizada no Cine São José. Helena Levino, Secretária Executiva do GMM, abriu os trabalhos coordenando a mesa composta por Dalila Bernadete (pelas Comunidades Quilombolas), Erisbel Luzia (pela turma de Direitos Humanos), Iolanda Martins (pelos Fóruns de Mulheres de São José do Egito e do Pajeú), Margarida Jerônimo (pela rede de Promotoras Legais Populares de Pernambuco), Lourdes Luna (pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos e pela Rede Nacional de Educação Jurídica Popular), Narciso Cechinel (pelo Grupo Mulher Maravilha) e Dr. Lucio de Almeida Neto (Promotor de Justiça da Comarca de Afogados da Ingazeira).

O evento começou com a apresentação dos grupos e comunidades no palco, exibindo suas faixas com mensagens. Depois, apresentações culturais da banda de Pífano e do Grupo de Coco de Roda do Travessão/Carnaíba; grupo de adolescentes e jovens do Grupo Mulher Maravilha com encenação de teatro e dança da música “Vocês Conhecem Zumbi?” e “Canto Profundo”; dança afro e maculelê com o Grupo de Danças Populares “Vem Vê Nóis”, além de poesias recitadas por GMM Daiana Levino com colaboração de Franklin ao violão.

Narciso Cechinel fez uma saudação às comunidades quilombolas e falou sobre o sentido da Consciência Negra e a importância do resgate das lutas libertárias como exemplos que devem ser seguidos. Dalila, após sua saudação fez a leitura de um Relatório de Violação de Direitos Humanos, produto final do Projeto Oficina de Direitos, exibido no telão.

Lourdes Luna falou das duas celebrações, enfocando o início dos Dias de Ativismo contra a Violência à Mulher e apresentou alguns resultados das ações do Grupo Mulher Maravilha na região. Iolanda e Margarida falaram da importância da articulação das mulheres, e Erisbel resumiu numa frase o que o que o curso de formação em Direitos humanos havia feito: “Eu não sou mais a mesma... perdi o medo, me libertei”.

Dr. Lucio rememorou Zumbi e outros líderes negros exortando a todos e todas para lutar pelo reconhecimento da sua cultura. E concluiu sua fala com informações sobre a Lei Maria da Penha, enfatizando a violência moral e a psicológica que deixam marcas profundas na alma da mulher. Falou da importância da Campanha do Laço Branco - Homens Pelo Fim da Violência contra a Mulher, e das investigações em relação a mais um crime cometido em Afogados da Ingazeira contra uma mulher, no mês de outubro.

Em seguida, a multidão saiu pelas ruas de Afogados com balões coloridos e faixas, ao som dos tambores e pífanos. O Ato foi encerrado na praça principal da cidade, quando Lourdes Luna falava dos números de mulheres assassinadas e dos casos de discriminação racial. Foi pedido um minuto de silêncio em memória das escravas que foram violentadas, das mulheres que estão em situação de violência e de Andréa, a vítima de violência mais recente de Afogados da Ingazeira, assassinada segurando um filho pela mão, tendo o ex-marido como suspeito de mandante do crime. As bolas foram estouradas e o evento foi encerrado com muito barulho e um grito forte clamando por Justiça.

Seminário sobre Políticas Públicas e a Lei Maria da Penha do Projeto Redes Advocacy – Fórum de Mulheres do Pajeú

Dias 19 e 20 de Novembro, em sua sede no Sertão do Pajeú, o Grupo Mulher Maravilha realizou o Seminário sobre Políticas Públicas e a Lei Maria da Penha, como abertura do Projeto Redes Advocacy – Fórum de Mulheres do Pajeú, apoiado pela UNIFEM, executado pelo GMM.

O Seminário contou com a participação de pouco mais de 50 mulheres, representantes de grupos de mulheres do território do Pajeú e Promotoras Legais Populares – PLPs do Recife e Região Metropolitana. Ele teve como objetivos principais articular os grupos de mulheres da região, registrar seu perfil e identidade e trabalhar as políticas públicas para as mulheres focando a aplicação da Lei Maria da Penha.

Cada grupo indicou uma mulher para participar da capacitação para levantar o histórico do próprio grupo e para fazer uma pesquisa na comunidade sobre atos de violência contra mulheres e meninas existentes nas comunidades onde residem.

Durante o Seminário, as participantes revelaram muito entusiasmo e interesse nas discussões e saíram com o compromisso de repassar o saber.

Uma representante da Secretaria Especial da Mulher de Pernambuco, de passagem pela região, visitou sede a do GMM e conversou com as mulheres que se encontravam reunidas. Elas perguntaram por que no panfleto produzido e distribuído pela Secretaria, divulgando os serviços e endereços úteis às mulheres sobre violência, nada constava em relação às cidades do Sertão do Pajeú, e aproveitaram para fazer denúncias e cobranças.

A senhora Bárbara Kreuzig, gerente de Articulação e interiorização das Ações de Gênero, deu algumas explicações e falou da possibilidade de programas a serem implantados na região com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT, voltados para mulheres

tividades complementares foram realizadas, como: pesquisa de rua junto à direção do Hospital Geral, Delegacia de Polícia, Câmara de vereadores entrevistando Joana D’Arc (vereadora e PLP), Conselho Tutelar, Ministério Público, Sindicato dos Trabalhadores Rurais para se levantarem informações sobre números de violência contra meninas e mulheres, atuação desses órgãos na promoção de direitos humanos e violações de Direitos Humanos; uma caminhada ecológica cedo da manhã; participação na Celebração do Dia da Consciência Negra e da abertura dos 16 Dias de Ativismo Contra a Violência à Mulher.

Esse evento foi o início do muito que ainda está por vir e que certamente trará fortalecimento para os grupos e autonomia na articulação das mulheres sertanejas na luta pelo controle social e pelo acesso à justiça.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

3ª Semana TICKET CULTURA & ESPORTE

De 5 a 15 de novembro, as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife recebem uma programação especial e gratuita para toda a população.

Confira a programação em Nova Descoberta

10/11 (Terça-Feira)
19h Se eu fosse você 2
Classificação: 10 anos

11/11 (Quarta-Feira)
19h
Castelo Rá-tim-bum – O filme
Classificação livre

12/11 (Quinta-feira)
19h Bodas de Papel
Classificação: 12 anos

13/11 (Sexta-Feira)
20h
Divã
Classificação: 14 anos

Local:
Espaço da Cidadania
Rua Nova Descoberta, 849 Nova Descoberta


Venha ao Cinema
Entrada gratuita.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Seminário para divulgar a Experiência do Projeto: “Oficina de Direitos -Uma Campanha de Acesso à Justiça”

O Grupo Mulher Maravilha marcou o Aniversário de 21 Anos da Constituição Cidadã - 05 de outubro de 2009, com um Seminário no Espaço da Cidadania em Nova Descoberta (Recife) para divulgar o Projeto que oportunizou atualização e aprofundamento dos conteúdos do curso às Promotoras Legais Populares PLPs, pelo Grupo Mulher Maravilha, entre 2005 a 2007 e formação em Direitos Humanos a outras mulheres e jovens do Recife e do Sertão.

O Projeto foi apoiado inicialmente pelo Comitê Alemão - Dia Mundial de Oração das Mulheres e posteriormente pela BrazilFoundation e Fundo Canadá. Ele oportunizou conhecimentos sobre os Direitos Humanos e das mulheres, aplicabilidade da Lei Maria da Penha e mecanismos de acesso à justiça, ao poder público e à cidadania.

O evento contou com aproximadamente 80 pessoas, sendo elas representantes do Fórum de Mulheres de Pernambuco - FMP, SOS Corpo, Conselho Regional de Serviço Social - CRESS, Centro Social das Mulheres de Arthur Lundgren - CESMAL, Agentes comunitárias(os) de Saúde, Grupo Novo Caminhar, Secretaria Especial da Mulher, Coordenadoria da Mulher, Instituto Lua Clara, Instituto Maria da Penha, Promotoras Legais Populares do Lua Clara, do Mulher Maravilha, da Federação Pernambucana de Apoio às Instituições Sociais e Escolas Alternativas – FEPEAL, da Associação de Mulheres de Lagoa Encantada -AMMLEA, da Associação das Promotoras Legais do Cabo de Santo Agostinho - APROSA, Juristas Populares do Mulher Maravilha e outras.


O evento foi aberto pela Coordenadora Geral do Grupo Mulher Maravilha, Graça Rodrigues, que após dar as boas-vindas, falou sobre a importância daquele evento como um marco nas vidas das pessoas comprometidas pela construção ed uma sociedade mais justa quando vivemos num contexto de tantas violações dos Direitos Humanos.

Convidou a todas as pessoas para se juntarem na comemoração dos 35 anos do Grupo Mulher Maravilha em 21 de abril de 2010. Lembrou que a entidade foi gerada em Nova Descoberta, na época da ditadura militar com grande repressão aos movimentos libertários.
Prosseguindo, houve uma apresentação de um esquete sobre violência pelo grupo de teatro “Resistir é Preciso”, seguido do poema “Abelha Operária” de Celeste Vidal pelas Juristas populares Wilma e Cida da comunidade negra rural quilombola de Abelha (Carnaíba) e pela Promotora Legal, Daiana - todas do sertão do Pajeú. O evento foi coberto pela Folha de Pernambuco.


Em seguida, todas as pessoas presentes se apresentaram. A mesa foi presidida por Margarida Jerônimo – PLP – GMM – Recife. Com a palavra, a Coordenadora da Coordenadoria da Mulher do Recife, Juliana Cezar tratou sobre a Constituição de 1988: O contexto político, o momento pós-88, legislações, a realidade, avanços e o maior desafio que é introjetar e propagar os preceitos consagrados na Constituição e nos tratados internacionais, missão de todos e de todas.

Pela Secretaria Especial da Mulher do Estado, Lucidalva Nascimento inicialmente mostrou-se emocionada por lembrar das aulas para formação de promotoras legais populares naquele espaço, da importância do curso e acentuou que o Grupo Mulher Maravilha é uma faculdade que forma mulheres na busca do acesso à justiça.

Regina Célia, que foi a primeira a falar, historiou a criação do Instituto Maria da Penha, sua atuação e desvinculação da FEPEAL. Representando a Associação de Mulheres Brasileiras – AMB, Sílvia Camurça enfatizou a importância da auto-organização das mulheres e a luta permanente para ampliar e garantir os direitos. Falou ainda sobre as lutas do movimento feminista e convocou a todas para a celebração do 25 de Novembro - Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher e alertou para o risco que está correndo a Lei Maria da Penha.

Ridete Columbino fez a leitura de um documento falando legitimidade e sobre a construção histórica da Rede de Promotoras Legais Populares, criada em 21 de agosto de 2009. E, por fim, Lourdes Luna do Grupo Mulher Maravilha, representando o Movimento Nacional de Direitos Humanos, falou sobre a aprovação da Carta de Princípios da Rede Nacional de Educação Jurídica Popular –Região Nordeste, aprovada no encontro de setembro em João Pessoa. Falou também sobre a importância da formação para uma nova cultura de Direitos Humanos e da importância de uma rede.

A palavra foi facultada às pessoas presentes e, após alguns pronunciamentos, foi lida uma moção de apoio à Lei Maria da Penha, ameaçada de alteração, aprovada e assinada pelas pessoas que participaram do evento, documento a ser enviado ao Presidente Lula.

JUVENTUDE INFORMADA, CIDADANIA COMPROVADA!


Teatro e Intercâmbio Cultural

Jovens de Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Pajeú acompanhadas pelo Grupo Mulher Maravilha, através do Projeto Construindo a Cidadania no Semi-árido – “Ações Afirmativas para o Desenvolvimento Sustentável” – PDHC – MDA/FIDA, jovens quilombolas de Custódia e outros(as) engajados(as) em grupos culturais participaram do Curso Básico de Formação em Artes Cênicas pelo Grupo Mulher Maravilha no Espaço Benvirá em Afogados da Ingazeira. Esses momentos foram facilitados por educadores(as) da entidade.

Em setembro (15 a 17) o curso foi ministrado para aproximadamente 30 jovens, pelo ator e produtor teatral Bené, Wilson, Letícia e Rafael do Grupo de teatro Resistir é Preciso do GMM Recife.

Em outubro (01 a 03), foi realizado o Intercâmbio Cultural para 40 jovens, facilitado pelos músicos e produtores culturais Hamilton Tenório e Franklin Amorim, designer Vanessa Silva, capoeirista e cantor de rap Wilson pela bailarina Daiana da equipe do Sertão.
Os encontros objetivaram capacitar as(os) jovens quilombolas para transmitir informações de cidadania de forma lúdica, com linguagem cênica à comunidade e fortalecer a cultura local, através do conhecimento de outras modalidades culturais, a partir da compreensão da comunicação como um direito humano e instrumento libertador, transformador da realidade.

No teatro exercitaram técnicas vocais, maquiagem, figurino, desinibição, movimentos corporais, e no intercâmbio exercitaram música percussiva, danças afro e popular, “zines”, capoeira, entre outras expressões culturais que foram trocadas entre os grupos, enquanto meio de comunicação e ampliação da cultura. Os grupos de coco de roda, pífano, danças, artesanato entre outros aproveitaram para se exibir e trocar experiências.

Assistiram aos filmes “Parafusos” que demonstrava a as artimanhas que escravos(as) praticavam para fugir de seus senhores, através de danças e lendas descobertas somente depois da abolição, e “Chegança” que retrata de forma resumida a chegada dos portugueses ao Brasil.
Participaram da Quinta Cultural no Cine Teatro São José, retratando a história do Cangaço, como parte da programação dos 50 Anos da Rádio Pajeú, Emissora de Educação Popular de Afogados da Ingazeira.

Os(as) jovens não só descobriram a arte de interpretar, mas descobriram seus talentos. Comprometeram-se enquanto sujeitos políticos, transmitir o que aprenderam e esperam ter novas oportunidades no ano que vem.

Os Seminários oportunizaram o conhecimento de novas experiências e dinâmicas de trabalhar em grupo e formas de expressões diante de situação de indignação. Também aprenderam formas de apresentação, publicação do trabalho de um determinado grupo da comunidade, além do entendimento das diversas possibilidades de aprendizagem e ocupação do tempo ocioso utilizando os objetos que estão ao seu redor e a criatividade de cada pessoa para junto produzir materiais de publicação de obras, instrumentos musicas e diversão do grupo como forma sadia de lazer para a comunidade.

“Quando a gente apresentava teatro na comunidade, ficava de costas para o público, agora aprendemos novas técnicas e dicas.” Lucimária - Buenos Aires – Custódia. “O tempo foi pouco, mas incorporamos personagens com muita propriedade. Aprendemos teoria e a prática” (Elisabete da comunidade de Gia – Quixaba).

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Inscrições Abertas!

Estão abertas as inscrições para cursos profissionalizantes do Grupo Mulher Maravilha. Estes cursos fazem parte do Projeto Capacitação Profissional – Ponte para a Cidadania, apoiado pelo Brücke – le Pont (organização suíça parceira do Grupo).

Informática & Cidadania

- Turma 1: de segunda a sexta, das 9h às 11h30

- Turma 2: segunda a sexta, das 14h às 16h30

Telemarketing & Cidadania

Segunda a sexta, das 14h às 16h30

Reciclagem, geração de renda e cidadania

Segunda a sexta-feira, das 14h às 16h30

- Duração dos cursos: de 08 de Setembro a 04 de Dezembro de 2009

- Público: ambos os sexos a partir de 16 anos de idade

- Documentos: cópia da identidade (RG); cópia do comprovante de residência e CEP; contribuição de R$ 10,00 para matrícula e R$ 5,00 de mensalidade. Esses valores, não são pagamento. São uma contribuição para manutenção de equipamentos e aquisição de materiais para promoção dos cursos.

Matrículas abertas e vagas limitadas!

Inscrições:

Colmeia Maravilha – Rua Tamaniquá, 5505, das 8h30 às 11h30 e das 14h às 16h30

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Comunidades quilombolas se capacitam em Gestão democrática

Comunidades negras rurais quilombolas estão cada vez mais empoderadas no reconhecimento da sua identidade (consciência negra) e elevação da sua consciência cidadã. O Grupo Mulher Maravilha, com o apoio do Projeto Dom Helder Câmara, vem contribuindo neste processo.

Visando aumentar a autonomia e o fortalecimento da capacidade organizacional dessas comunidades, foi realizado um Seminário sobre Gestão Democrática e Elaboração de Projetos, entre os dias 08 e 10 de julho na sede local do Grupo Mulher Maravilha em Afogados da Ingazeira, com atividades teóricas e práticas.

As(os) participantes, aproximadamente 50, provenientes das comunidades de Jiquiri e Leitão (Afogados da Ingazeira), Abelha, Brejo de Dentro e Gameleira (Carnaíba), Queimada dos Felipes (Iguaraci), Gia (Quixaba), Queimada de Zé Vicente (São José do Egito), e Águas Claras e Alagoinha (Triunfo), receberam noções/informações e treinamento sobre: elaboração de projetos, gestão financeira e controle social.

O seminário foi precedido de oficinas e de levantamento de dados nas comunidades, junto às associações. No evento, foram trabalhados assuntos de grande importância, com atividades práticas: livro-caixa, prestação de contas, planejamento e avaliação, processo de realização de uma assembléia e especificamente a redação de Ata, comportamento da diretoria de uma associação e sua forma democrática e transparente de agir de forma participativa.

Entendemos que essas atividades, que incluíram visitas de preparação às comunidades deram um passo importante para a autogestão e auto-desenvolvimento.

Os depoimentos das(os) participantes mostraram a receptividade e o empenho para seguir nesse caminho: “Se tinham dificuldades, os problemas serão diminuídos com as informações passadas. Nunca sentaram para aprender fazer projetos, por isso, na volta para comunidade, esse conhecimento não deve ser congelado” (Antônio João, Brejo de Dentro). “As associações estão saindo com tudo nas mãos, se não andarem com as próprias pernas é porque não querem.” (Maria Joseane – Gameleira).

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A Lei Maria da Penha não pode ser alterada, e sim aplicada!

Este foi o tema do Seminário realizado em Afogados da Ingazeira nos dias 12 e 13 de agosto, com o objetivo de refletir sobre os resultados de uma pesquisa realizada em várias comunidades rurais e quilombolas da região do semi-árido do Nordeste, sertão do Pajeú, acompanhadas pelo Grupo Mulher Maravilha com apoio do Projeto Dom Helder Câmara, entre outras do sertão do Moxotó, bem como para revisão dos conhecimentos sobre educação em direitos humanos (principais características) e sobre os tipos de violência contra a mulher, a partir da Lei Maria da Penha. Contou com a participação de aproximadamente 60 pessoas (mulheres e jovens sendo dois do sexo masculino) da região sertaneja, além de 08 mulheres do Recife, promotoras Legais Populares e uma visitante.

O Seminário foi realizado pelo Grupo Mulher Maravilha, na sua sede em Afogados da Ingazeira, como encerramento dos projetos: “Oficina de Direitos –Uma Campanha de Acesso à Justiça” apoiado pela BrazilFoundation, Fundo Canadá e inicialmente pelo Comitê Alemão, e “Mulher - Terra e Trabalho” apoiado pelo Fundo Ângela Borba, tendo como facilitadoras, Vanessa Silva – Coordenadora do projeto “Mulher Terra e Trabalho” e Lourdes Luna - Coordenadora do “Oficina de Direitos”, e Elaine Bonfim - responsável pela sistematização da pesquisa.

Os trabalhos tiveram início com dinâmica de grupo e canções seguidas de apresentação das(os) presentes. Continuando, foi discutida a programação e realizada a divisão de tarefas e a construção do contrato de convivência. Em seguida, houve trabalho de grupos para complementação de dados da pesquisa, seguidos da plenária com amplo debate.

À tarde foram trabalhados os temas relacionados aos Direitos Humanos e à Lei Maria da Penha, encerrando-se, assim, a primeira parte do Seminário.

Logo após, foi aberta uma sessão especial para apresentação do resultado final da pesquisa por Dalila e Edna, jovens pesquisadoras de comunidades negras rurais quilombolas com auxílio projeção de imagens.

Encerrando essa apresentação (um dos pontos altos do Seminário), outra mesa foi formada por Joana D’Arc (Carnaíba), Wilma (comunidade quilombola de Travessão), Aparecida (comunidade quilombola de Abelha), Noelma (comunidade quilombola de Queimada de Zé Vicente – São José do Egito), Helenice (Comunidade Quilombola de Brejo de Dentro), Helucivânia (Comunidade Quilombola de Buenos Aires-Custódia) e Claudinete (Itã – Carnaiba). A mesa foi presidida por Margarida Jerônimo, Promotora Legal Popular do Recife.

Cada uma fez um depoimento emocionado sobre o Projeto, revelando o avanço, a desinibição no falar e todo o empoderamento adquirido com o aprendizado, como se pode ler: “Durante esses dois anos, a minha vida se transformou. O curso aumentou meus conhecimentos, ganhei autonomia” - Helenice. “Uma das maiores conquistas foi o exercício da minha fala e o conhecimento dos caminhos para o acesso à justiça. Esse foi mais um projeto muito bem pensado pelo Grupo Mulher Maravilha” – Helucivânia. “Esse projeto foi como um ponto de partida para acessarmos a justiça” – Claudinete. “A Oficina de Direitos mudou a minha vida e me ensinou a lutar por minha comunidade” – Cida.

De pé e conjuntamente, foram lidas em voz alta as biografias de Margarida Maria Alves (sindicalista paraibana assassinada pelo latifúndio em 1983) e a de Maria da Penha que sofreu tentativas de homicídio do seu ex-companheiro, também em 1983. Esses casos tiveram repercussão internacional e fazem parte do rol de impunidades no país. Maria da Penha não morreu, mas sofreu graves seqüelas. Em razão das pressões, foi criada e sancionada a Lei 11.340 de 07 de agosto de 2006, que coíbe com mais rigor a violência doméstica e familiar contra a mulher, apelidada de “Lei Maria da Penha.”

Em seguida, com faixas, flores margaridas e velas acesas, as mulheres e jovens saíram às ruas, animadas pelo carro de som com musicas e palavras de ordem. Algumas mulheres se encarregaram da panfletagem do Informativo “Colméia Maravilha”.

Defronte ao Sindicato dos(as) Trabalhadores(as) Rurais de Afogados da Ingazeira, houve uma parada para mais uma vez se falar de Margarida, exatamente às 18h30 - hora em que a sindicalista havia sido assassinada há 26 anos. Depois, as mulheres percorreram ruas e praças e se postaram defronte à sede do Ministério Público onde mais uma vez protestaram contra a ameaça de alteração na Lei Maria da Penha. Dr. Lúcio, Promotor de Justiça se somou à multidão para dar sua palavra de apoio à luta das mulheres afirmando que a Lei precisa sim ser aplicada e recebeu uma margarida. Naquele momento surgiu uma mulher que se juntou aos protestos e denunciou que se encontrava em situação de violência e que só podia estar ali naquele momento porque estava sendo acompanhada por seguranças. Ao microfone, fez uma grave denúncia contra a Delegacia de Polícia da cidade que dificultou ao máximo o registro da denúncia que ela teve que fazer contra o agressor, seu marido. Acrescentou que achava importante aquela manifestação pública.

No dia seguinte, foi realizada uma excursão à cidade de Solidão onde há um santuário famoso e uma belíssima paisagem. Antes da visita ao santuário, foi realizada uma visita ao Sindicato de Trabalhadores(as) Rurais do município. Lá, com faixas e margaridas foi anunciado ao som de um megafone, o motivo da visita ao Sindicato e feita denúncia seguida de protesto contra a ameaça da alteração da Lei Maria da Penha. O vice-presidente do Sindicato agradeceu pela visita e recebeu uma Margarida símbolo de luta contra a impunidade e por justiça. Em seguida, várias mulheres subiram as escadarias que davam acesso ao santuário de Nossa Senhora de Lourdes.

No retorno, foi realizada a avaliação final e o Seminário foi encerrado com o compromisso de todas(os) de continuarem lutando e repassando os saberes.