quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

VII Celebração da Consciência Negra no Sertão do Pajeú e Celebração do dia da Não Violência contra a Mulher 2009

O Grupo Mulher Maravilha realizou a VII Celebração do Dia Nacional da Consciência Negra - 20 de novembro em Afogados da Ingazeira – Pernambuco, ao mesmo tempo em que celebrou o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, ambas ações do Projeto Construindo a Cidadania no Semi-árido – Ações Afirmativas para o Desenvolvimento Sustentável executado pelo GMM em parceria com o Projeto Dom Hélder Câmara - PDHC com recursos do MDA e FIDA.

O evento contou com a participação de mais de 300 pessoas, a maioria das comunidades negras rurais quilombolas de: Leitão e Jiquiri de Afogados da Ingazeira; Queimada dos Felipes de Iguaracy; Abelha, Brejo de Dentro, Gameleira e Travessão de Carnaíba; Gia de Quixaba; Queimada de Zé Vicente, de São José do Egito; Águas Claras e Alagoinha de Triunfo; Buenos Ayres, São José e Lamarão, de Custódia.

Estiveram presentes escolas municipais e estaduais, comunidades de agricultura familiar de: Santo Antonio, Poço da Volta, Pintada, Umburana e Carapuça de Afogados da Ingazeira, Itã de Carnaíba, Caruá de Iguaracy, representantes de entidades da Região e do Recife, como o Projeto Ramá/Vale do Senhor, Promotoras Legais Populares do Recife, Olinda, Cabo de Santo Agostinho e Paulista, Fóruns de Mulheres do Pajeú e de São José do Egito, grupos de mulheres, Ministério Público, PDHC e outras pessoas dos bairros da cidade.

Além da homenagem a Zumbi dos Palmares, o grande líder de Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência contra a escravidão, foi também foi homenageado Dom Helder Câmara, conhecido como o Dom da Paz, pelo seu centenário de nascimento.

A concentração foi realizada no Cine São José. Helena Levino, Secretária Executiva do GMM, abriu os trabalhos coordenando a mesa composta por Dalila Bernadete (pelas Comunidades Quilombolas), Erisbel Luzia (pela turma de Direitos Humanos), Iolanda Martins (pelos Fóruns de Mulheres de São José do Egito e do Pajeú), Margarida Jerônimo (pela rede de Promotoras Legais Populares de Pernambuco), Lourdes Luna (pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos e pela Rede Nacional de Educação Jurídica Popular), Narciso Cechinel (pelo Grupo Mulher Maravilha) e Dr. Lucio de Almeida Neto (Promotor de Justiça da Comarca de Afogados da Ingazeira).

O evento começou com a apresentação dos grupos e comunidades no palco, exibindo suas faixas com mensagens. Depois, apresentações culturais da banda de Pífano e do Grupo de Coco de Roda do Travessão/Carnaíba; grupo de adolescentes e jovens do Grupo Mulher Maravilha com encenação de teatro e dança da música “Vocês Conhecem Zumbi?” e “Canto Profundo”; dança afro e maculelê com o Grupo de Danças Populares “Vem Vê Nóis”, além de poesias recitadas por GMM Daiana Levino com colaboração de Franklin ao violão.

Narciso Cechinel fez uma saudação às comunidades quilombolas e falou sobre o sentido da Consciência Negra e a importância do resgate das lutas libertárias como exemplos que devem ser seguidos. Dalila, após sua saudação fez a leitura de um Relatório de Violação de Direitos Humanos, produto final do Projeto Oficina de Direitos, exibido no telão.

Lourdes Luna falou das duas celebrações, enfocando o início dos Dias de Ativismo contra a Violência à Mulher e apresentou alguns resultados das ações do Grupo Mulher Maravilha na região. Iolanda e Margarida falaram da importância da articulação das mulheres, e Erisbel resumiu numa frase o que o que o curso de formação em Direitos humanos havia feito: “Eu não sou mais a mesma... perdi o medo, me libertei”.

Dr. Lucio rememorou Zumbi e outros líderes negros exortando a todos e todas para lutar pelo reconhecimento da sua cultura. E concluiu sua fala com informações sobre a Lei Maria da Penha, enfatizando a violência moral e a psicológica que deixam marcas profundas na alma da mulher. Falou da importância da Campanha do Laço Branco - Homens Pelo Fim da Violência contra a Mulher, e das investigações em relação a mais um crime cometido em Afogados da Ingazeira contra uma mulher, no mês de outubro.

Em seguida, a multidão saiu pelas ruas de Afogados com balões coloridos e faixas, ao som dos tambores e pífanos. O Ato foi encerrado na praça principal da cidade, quando Lourdes Luna falava dos números de mulheres assassinadas e dos casos de discriminação racial. Foi pedido um minuto de silêncio em memória das escravas que foram violentadas, das mulheres que estão em situação de violência e de Andréa, a vítima de violência mais recente de Afogados da Ingazeira, assassinada segurando um filho pela mão, tendo o ex-marido como suspeito de mandante do crime. As bolas foram estouradas e o evento foi encerrado com muito barulho e um grito forte clamando por Justiça.

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